11 novembro, 2010

Anorexia e Bulimia.


A BUSCA PELA PERFEIÇÃO


Vivemos o mundo da imagem, época em que quase todos estão (de alguma maneira) preocupados com o espelho das aparências. Infelizmente, na grande maioria das vezes, o que importa de fato é o que os outros podem pensar dessa imagem projetada nesse espelho. Sim, queridos leitores, infelizmente o que importa para a maioria é a aparência física. Diante disso, observamos uma louca corrida em busca de uma falsa perfeição e, nessa constante, fui surpreendida com perguntas de alunos , com idade entre 12 e 13 anos, em relação ao que eu penso a respeito das meninas que ficam sem comer para emagrecer; ou aquelas que trocam o alimento sólido pelo líquido e ainda aquelas que vomitam tudo que comem.

Tratar do assunto espelho já é fato em minha vida, pois diante de minha imagem muitos se perguntam o porquê escondo meu cabelo (sendo eu muçulmana), ou o porquê de esconder meu corpo. Por isso, quando observo adolescentes tão preocupadas (os) com essa imagem irreal que deve ser projetada a um mundo tão distante de valores reais é para mim assustador e surpreendente, ou melhor, chocante. Sendo eu uma educadora que de fato se preocupa com a formação do ser humano, já havia estudado e pesquisado a respeito dessa loucura pela perfeição, que se transforma em doença e termina em morte. Essa “busca insana pela perfeição é conhecida muitas vezes entre os adolescentes como “Ana” e Mia” ( Anorexia e Bulimia). A busca que vira doença começa com uma dieta aparentemente inofensiva e que tem por objetivo eliminar uns quilinhos para receber mais atenção dos colegas, mais elogios, mais paparicos e tornar-se mais popular. Inocentes e iludidas, muitos adolescentes acreditam que tendo um corpo esguio e atraente tornam-se mais amados e se dispõem a colocar a própria vida em risco para alcançar a popularidade.

Muitos fatores podem contribuir para que esses jovens adolescentes se iludam dessa forma tão cruel e ainda sejam instigados a esse lento e doloroso suicídio. Um dos fatores é de fato sócio cultural e nessa constante temos um aspecto muito marcante. Isso, diante do fato de que vivemos no país da exposição feminina ,a qual temos como propulsor a mídia que propaga nas modelos , atrizes, dançarinas, apresentadoras, enfim , na mulher “perfeita” aquela que tem um corpo perfeito. Corpo esse que deve ter medidas exatas, nada de gordurinha. Começam , então , os transtornos alimentares gerados pela busca dessas medidas perfeitas.

Os transtornos alimentares, na forma como se apresentam hoje em dia, emergem das pesquisas epidemiológicas como doenças relativamente modernas e predominantemente ocidentais. Segundo DiNicola (1990), a concepção de um modelo de compreensão dos transtornos alimentares que explique os dados sobre sua ocorrência e distribuição deve incluir necessariamente a abordagem do contexto sociocultural onde ocorrem.
Nas sociedades afluentes, ao mesmo tempo em que observamos uma oferta abundante de alimentos de alto teor calórico e de rápido consumo, e a vida cotidiana se torna cada vez mais sedentária, as modelos e atrizes de sucesso, representantes dos padrões ideais de beleza feminina, são extremamente magras e muitas vezes apresentam um corpo de pré- adolescente, com formas pouco definidas.

Assim, as sociedades ocidentais contemporâneas vivem atualmente sob o ideal da magreza e da boa forma física. Este padrão se impõe especialmente para as mulheres, nas quais a aparência física representa uma importante medida de valor pessoal. Percebemos com isso que a sociedade ocidental tem esmagado valores reais e difundido valores superficiais como fator de felicidade. Com isso, possamos até compreender o porquê de termos números tão elevados de suicidas e pessoas deprimidas. Afinal, um dia todos têm que se deparar com a realidade e perceber que ilusões não sustentam felicidade.

Não temos números precisos da quantidade de anoréxicos no Brasil, mas dados internacionais dão conta de que até 20% dos adolescentes, de todas as classes sociais, sejam atingidas por essa doença (Cláudia Collucci. Folha de S.P). Especialistas afirmam que a grande maioria dos casos de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia nervosa, são desencadeados por dietas. A pessoa passa a ter episódios de descontrole alimentar. Depois de um tempo em jejum, passa a comer compulsivamente e vomitam tudo que ingerem (bulimia). Também podem ocorrer sintomas depressivos. Nos casos de anorexia, a pessoa se recusa a comer por medo desproporcional de ganhar peso. Cerca de 20% dessas pessoas morrem e 40% não conseguem se recuperar (Brasil Escola).

Sim, queridos leitores, estamos diante de um assunto extremamente preocupante, até porque muitas vezes o problema está em nossas casas e não percebemos. Afinal, fazer dieta é hoje uma coisa tão comum que se o seu filho(a) adolescente iniciar uma dieta será algo comum. Entretanto, esse jovem pode estar a caminho de uma doença extremamente grave e perigosa. Muitos especialistas afirmam também que "No início a família pensa que é mania do adolescente. Demora a aceitar que se trata de uma doença psiquiátrica. É comum ouvir: Minha filha não é louca", diz a psicanalista Cybelle Weinberg, co-autora de "Do Altar às Passarelas - Da Anorexia Santa à Anorexia Nervosa" (ed. Annablume).Ainda de acordo com a pediatra Marilza Leal Nascimento, do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, é comum a família "não enxergar" o problema até a jovem entrar em estado de desnutrição grave.

Mas, o que fazer para mantermos longe de nossas casas esses transtornos psíquicos que conduzem a morte prematura e estúpida? Reflitamos assim ,mais uma vez, os valores que pregamos em nossos lares. O que de fato é importante para nossas vidas? Será que seremos marionetes de falsas ilusões em torno de prazeres momentâneos? Até que ponto somos cúmplices do que a mídia coloca em nossos lares? Até que ponto somos responsáveis pela morte de milhares de adolescentes que se iludem a ponto de se matarem com “ANAS” e “MIAS”?

Entretanto, voltando ao início desse artigo retoma a pergunta dos meus alunos sobre minha posição em relação a isso tudo já apresentado. Bem, queridos leitores, como relatei anteriormente fico chocada ao observar tais adolescentes com valores tão mais importantes que seu físico sofrerem com suas imagens a ponto de correrem qualquer risco. Sendo eu muçulmana, fico ainda mais consternada, pois para mim, liberta da preocupação aos olhares alheios, é absurda a ideia que o físico é mais importante que o caráter. Por conseguinte posso , inclusive, responder aos questionamentos que envolvem também a minha imagem que para muitos é uma incógnita: os porquês de eu me cobrir que se restringem ,primeiramente, ao amor a Deus Único e em seguida por seu eu uma pessoa liberta. Assim, reflitamos : será que as mulheres que buscam a perfeição do corpo para exposição tem liberdade? Será que essas jovens adolescentes são prisioneiras de ilusões?

Dessa forma , queridos leitores, instigo a reflexão sobre a postura de nossa sociedade que sofre com a perda de valores morais e privilegiam a exposição feminina como produto e gera doenças entre nosso adolescentes que morrem prematuramente em busca de uma perfeição irreal. Para finalizar deixo uma pergunta:

O QUE SERÁ DOS NOSSOS FILHOS,NESSE MUNDO DE ILUSÕES ,SE NADA FIZERMOS PARA RETOMAR OS VALORES REAIS?




A seguir algumas consequências de dietas malucas:


O Que Ocorre Com o Organismo Durante o Jejum Prolongado?

Aos poucos, as reservas de glicose do organismo vão se esgotando e outras fontes de energia, como proteínas e gordura, passam a ser utilizadas para que o organismo se mantenha vivo. Quanto mais longo for o jejum, mais gordura e proteínas vão sendo consumidas. "O humor se altera (a pessoa passa a ficar mais irritável), o hálito fica ruim, a pessoa pode ter crises de hipoglicemia (que podem ser graves), a taxa metabólica diminui, entre outras alterações", explica Sílvia Franciscato Cozzolino, professora de nutrição humana da Faculdade de Ciências Biomédicas da USP.

Dentro de um longo período, uma alteração grave pode ser a chamada hipoglicemia rebote, ou seja, a pessoa pára de produzir insulina, pela não ingestão de carboidratos. Quando o jejum é interrompido, há uma elevada secreção de insulina, às vezes maior do que a necessária, levando à hipoglicemia. "Quanto mais tempo o indivíduo fica sem comer, mais se acostuma à privação. Depois de um jejum prolongado, não é possível, da noite para o dia, voltar a comer na mesma quantidade de antes. É preciso ter uma readaptação paulatina", conclui Sílvia.
Transtornos Alimentares: Doenças da Ditadura do Corpo Ideal

A anorexia nervosa é, sem dúvida, o mal das mulheres do final do século 20. Os homens são apenas 5% dos pacientes. São tantas as mulheres que sofrem da doença, que os ambulatórios do Hospital das Clínicas e do Hospital São Paulo estão sempre lotados, recusando pacientes. Não há estatísticas precisas, mas sabe-se que cerca de 20% das anoréxicas morrem. "A doença pode começar de uma hora para outra. A pessoa acha que está gorda e começa a fazer regime. No começo, ela tem apetite, mas se força para não comer. Depois de algum tempo de jejum, não sente mais fome e recusa qualquer alimentação", diz o psiquiatra Táki Cordás, coordenador-geral do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas.

A inocente dieta inicial vai se tornando, aos poucos, ideia fixa a qual acaba em morte prematura.

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